terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Capítulo 14 - O Caribe é aqui!





Hoje, “uma cantiga de amor se mexeu” e com ela a vontade de compor uma viagem inesquecível. Misturem em uma porção de terra um céu, que pode ser azul ou estrelado. Depois façam uma harmonia com os vários sons da natureza e, por fim, estabeleçam um ritmo entre o verde-azulado das águas e os tons de branco das areias. O resultado disso tudo será um lugar paradisíaco chamado Alter do Chão.











Música para os ouvidos, o balneário paraense de Alter do Chão (antiga aldeia dos Borari – município de Santarém) foi chamado pelo expedicionário francês Jacques Cousteau de Caribe Amazônico e escolhido, no ano de 2009, pelo jornal inglês The Guardian, como a praia mais bonita do Brasil e uma das dez mais do mundo; capaz de seduzir com seus encantos e lendas todos os visitantes.






Nas noites mocorongas, principalmente nas de luar, em Alter do Chão ouve-se ao longe “uma tapuia no porto a cantar”, enquanto nas águas cristalinas do Tapajós se vê “um pedacinho de lua nascendo”, iluminando com luz e brilho suas praias, que surgem envolvidas em sombras diretamente das profundezas do rio – para não quebrar a magia, programem suas viagens para os períodos de vazante (agosto a dezembro - melhores épocas para conhecer), oportunidade em que poderão desfrutar da bela e encantadora Praia da Ilha do Amor – uma pequena península formada por areia branca no meio do Tapajós, que é o cartão postal de toda a região.



 




Alter do Chão fascina pela sua tranquilidade e calmaria, onde o silêncio é rompido com “uma folha caída, uma batida de remo a passar” proveniente dos barquinhos de madeira (catraias) que fazem diuturnamente a travessia do continente para a ilha e que permitem aos visitantes o acesso total a praia. A Ilha do Amor apaixona pelas suas barracas e vegetação, que dão à paisagem aquele ar verdadeiramente amazônico. Porém, encontraremos no lugar tudo aquilo que é necessário para o bem estar, alegria e satisfação. Com seus vários quiosques, a Ilha oferece aos visitantes boa comida, animadas músicas e deliciosas bebidas. 


 




Depois de um bom mergulho nas águas do rio, que ajuda a amenizar o forte calor, ou de um passeio animado de caiaque pelo lendário Lago Verde (lugar que margeia a Vila de Alter e de onde os índios retiravam pedras do fundo para produzirem os muiraquitãs - amuleto da sorte em forma de sapo), é hora de fazer uma paradinha para almoçar. 





Nesse momento“um cheiro bom de peixada no ar” dá à Ilha do Amor uma atmosfera enebriante - Aproveitem para se deliciar com os peixes da região, como Pirarucu, Tucunaré (ao escabeche) e o Tambaqui (sua costela é simplesmente fantástica). Ah! Não deixem de participar da Piracaia (espécie de ritual onde se come peixe assado no braseiro na praia).






Durante as vazantes, em especial no mês de setembro, a Ilha do Amor se transforma no palco da mais antiga manifestação da cultura popular da Amazônia e que acontece há mais de 300 anos, a Festa do Sairé (Çairé). O Sairé mistura elementos religiosos e profanos (espetáculos e danças), e culmina suas celebrações com a disputa animada entre os Botos Cor-de-rosa e Tucuxi (parecido com a festa dos bois de Parintins). 









Durante as festas “um candeeiro de manga comprida” ilumina as águas do rio e as areias que servem de cenário para total diversão, que é embalada por “uma viola de corda curtida”, enquanto as pessoas tomam “uma cachaça de papo pro ar”.







Para quem quer admirar as belezas da vila e das praias por outro ângulo, uma boa sugestão é “andar por um caminho vazio”, subindo o Morro da Piroca. Apesar da subida ser cansativa, a vista é maravilhosa e a sensação que temos é de ter encontrado naquele lugar o Criador!








Alter do Chão não é feita apenas de “uma leira, uma esteira, uma beira de rio”. Na vila encontramos barracas de artesanato; lojinhas do pequeno comércio; pracinha; quiosques de alimentação (experimentem as comidas típicas, a paçoquinha, os cocretes de piracui); restaurantes, pousadas e hotéis (não são grandes e chiques, porém charmosos por suas simplicidades) e, ainda, a Igreja Nossa Senhora da Saúde (construção portuguesa de 1906, em estilo barroco).





 
Os dias em Alter do Chão são mágicos e parecem que não tem fim. Lá, “o tempo tem tempo de tempo ser”, “o tempo tem tempo de tempo dar”. Ao entardecer, embarquem nas canoas dos nativos, atravessem o Tapajós rumo a praia da Ponta do Cururu e deleitem-se com o mais belo e envolvente pôr-do-sol, que imprime ao local ares do paraíso.





Depois de conhecerem Alter do Chão vocês sentirão “um não sei quê de saudade doente”, “uma saudade (...) querendo ir e querendo voltar”. Nesse momento, saberão que é hora de regressar e aproveitar o caribe amazônico mais uma vez! Afinal, isso é Brasil, isso é Pará, isso é Alter do Chão, visse! 

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