terça-feira, 27 de setembro de 2011

Capítulo 1 - O Verdadeiro Prazer de Viajar





“O Espaço!! A Fronteira Final! Estas são as viagens da Nave Enterprise, em sua missão de explorar novos mundos, pesquisar novas vidas, novas civilizações, audaciosamente indo aonde nenhum homem jamais esteve!!!!”.

O quê? Como? Será que estamos sonhando? Teríamos entrado em uma cápsula do tempo e acordado em uma época distante em que viajar pelo espaço tornou-se parte da rotina? Não, certamente que não! E isso não é um sonho! Percebo que essa reflexão faz parte cada vez mais de nosso dia a dia, em que o ato de viajar significa, para muitos, uma verdadeira transposição de fronteiras, não espaciais, mas físicas, nas quais buscamos desvendar mundos novos, conhecer pessoas e povos diferentes, interagir com eles e aprender a ver a vida sob novas perspectivas.




E essa transposição de fronteiras acaba por gerar em todos nós as mais diversificadas sensações e sentimentos, uma vez que viajar não é só sair de um lugar e ir para outro, é mais que isso! Não é a toa que muita gente adoece, sente dores de barriga, arrepia-se só de imaginar que irá viajar. E esses arrepios, de medo, de prazer, de angústia ou excitação acabam acometendo desde o viajante mais experiente (viajante de carteirinha) até aquele que se lança pela primeira vez rumo ao desconhecido (viajante iniciante). Esses sentimentos têm uma explicação lógica e razoável, já que viajar significa, dentre outras coisas, sairmos de nossa zona de conforto e segurança e nos lançarmos a um mundo com o qual não estamos familiarizados, habituados, deparando-nos com tudo novo: línguas, horários, cheiros, sons, costumes, comidas, vestuários, pessoas, etc.




Os motivos que nos levam a buscar essa verdadeira explosão de sentimentos são os mais variados possíveis. Eu, pelo menos, tenho diversas razões. Muitas pessoas me questionam, por exemplo, por que costumo viajar tanto? Certamente as respostas são muitas e se encaixam nos motivos de cada um de nós.

Quando viajo, exageradamente, desligo-me de mim mesmo. Esqueço por completo as correrias do dia a dia. Faço com que a rotina, o stress, as pressões cedam lugar única e exclusivamente ao prazer. O Prazer que se traduz na difícil arte de não fazer absolutamente nada, a não ser, é claro, aquilo que traz e proporciona felicidade.



Nesse contexto, a sensação que nos domina e nos inebria é a da verdadeira liberdade. Liberdade esta capaz de nos colocar à frente das mais diversas situações sem que possamos nos sentir ridículos ou culpados. Colocar uma mochila nas costas e partir sem direção; atravessar rios, montanhas, planícies, desertos e desfiladeiros; conversar de forma calorosa e amiga com uma pessoa que você nunca antes havia visto na vida, que acabou de conhecer na subida de uma escadaria, em uma parada de ônibus ou no mercado; tudo isto implica o sentimento de sermos verdadeiramente LIVRES!






Por isso, “Vou contar pra você a minha alegria. Você vai perceber. Que se quiser vai ver. Tudo o que eu vi um dia. Fui pro lado de lá. Fui para desvendar a minha fantasia. Tudo o que aprendi. Tudo o que conheci. Valeu a pena descobrir. Quero lhe falar. É bom viajar. Tocar pelo mundo a fora. Nova York é bom. Paris é demais. Algo que eu não vou esquecer jamais. Não vou não” (Música: Viajar - Papas da Língua).




Em outras ocasiões, viajar também pode significar uma fuga temporária e breve dos problemas, das decepções, dos amores impossíveis e, por que não dizer, de si mesmo. Momentos em que nos permitimos sonhar ou mesmo ousar em sonhar com um mundo quase perfeito em que as dificuldades vividas não existem ou foram superadas. Claro que isso não significa dizer que para onde vamos os problemas não existem. Existem e estão presentes, porém, nos lançamos na aventura com um único propósito: aproveitar ao máximo aquele instante, fazendo com que, pelo mesmo em um curto lapso temporal, possamos nos esquecer de tudo e de todos, permitindo ao coração, verdadeiramente, pulsar mais forte diante de sentimentos que muitas vezes nem sabíamos que existiam.




Por esse motivo, ao viajar não pense nas distâncias que você vai percorrer, se serão longas ou curtas, calmas ou com tempestades. Simplesmente embarque e deixe acontecer. Permita-se viver de corpo, mente e alma abertos, sem preconceitos, sem arrogâncias e sem medos. Agindo assim, você encontrará dentro de si uma pessoa completamente nova e muitas vezes até desconhecida para si mesmo.




Inicie sua viagem desde o primeiro momento em que começar a pensar sobre o assunto. Viajar pode ser sinônimo de abrir as portas para o inusitado, então, planeje atentamente todos os detalhes, não deixe as coisas acontecerem de qualquer modo.
Procure estabelecer as datas de chegada e saída e não se esqueça de reservar os hotéis, principalmente nos lugares de maior fluxo turístico. Isso evita desgastes e surpresas indesejadas.




Pesquise sobre o lugar (clima, paisagem, moeda, pessoas, vacinas necessárias e costumes), para lhe dar maior segurança na hora de adotar as providências da viagem (malas, documentação... a propósito, malas grandes e volumosas são recomendadas apenas no retorno para casa. Não gaste munição!)

Imagine as prováveis situações que surgirão: alegres, constrangedoras, excitantes, perigosas, etc., e já trace estratégias para solucioná-las. Tudo isso faz parte da viagem e é prazeroso vivê-las.




Não deixe de levar em consideração que cada viagem realizada, independentemente dos acertos e erros cometidos, será sempre única e especial. Repleta de momentos ímpares. Por isso, procure tirar o máximo de proveito de todas as experiências vividas e, acima de tudo, aprenda com elas, tornando-se uma pessoa melhor.



Finalizando nossa viagem de hoje, afinal, muitas ainda virão nessa nossa longa jornada, diria que, independentemente dos motivos que nos levam a viajar, descobri nessa minha vida de viajante que, “às vezes, é preciso ir para ter a alegria de voltar”. Por mais bela e agradável que seja a viagem, o regresso para casa sempre será causa de felicidade, pois é nesse regresso que muitas vezes temos a oportunidade de nos encontrarmos com nós mesmos.



Como disse Amyr Klink, “um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto”.


Com a nossa presença, o nosso “mundinho” adquire um tom, uma nuança diferente e especial, já que, além das fotos e recordações, trazemos na bagagem mais Gratidão para com Deus, por tudo o que nos proporciona; mais Paciência para lidar com os semelhantes, e mais Coragem para enfrentar e encontrar soluções para os problemas do dia a dia.

É por isso que, parafraseando um dito que um dia li, o prazer de viajar é poder passar um simples domingo em casa, organizando fotos, bebendo um gostoso vinho cuja indicação você recebeu de um estranho, no restaurante "Como Água para Chocolate", de Santiago… lembrando bons momentos… Isso, verdadeiramente, é felicidade!


A propósito, senhores passageiros, última chamada para embarque ... Quem sabe não nos encontramos da próxima vez na bela e maravilhosa Santiago del Chile. Hasta la vista!



Um comentário:

  1. Começamos juntos. Vocé continuou e eu parei. Mas quero retomar e seguir suas interesses dicas.

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